No Lá em Casa de 8/6/2010, Renata Waliceck contou como conheceu o italiano Davide, em São Francisco, na época em que ambos moravam e estudavam lá, namorou, viajou, casou e está se mudando para Milão com ele no próximo mês.
Segue depoimento da história conto-de-fadas da Renata:
Decidi ir estudar fora um tempo quando fui demitida da Pfizer. Minha vontade mesmo era ir pra Inglaterra, pra conhecer a Europa, mas a libra estava muito alta e escolhi San Francisco, a cidade americana que eu sempre tive mais vontade de conhecer. Não sei porque, mas me parecia uma cidade cheia de cultura, de história.
Cheguei em San Francisco num domingo, apesar de ser verão, estava bem frio e nublado. Na primeira semana de aula, fiquei gripada e só ia à escola e voltava pra casa. Na sexta-feira o pessoal tava marcando uma balada e resolvi ir, pra sair um pouco. Encontrei Elena, minha amiga italiana, na porta da escola. Aí o Davide chegou e ela me apresentou:
- This is my Brazilian friend Renata
- Renata? Very Brazilian name! If it's not Italian, it's Brazilian!
Já pensei "que menino interessante...".
Quando chegamos na balada, o irmão de Elena, Marco, ficava me abraçando e tirando fotos, e percebi o que ele queria e não dei bola. Quando os americanos vinham tirar a gente pra dançar, ele me abraçava e Elena abraçava Davide e dizia que eram nossos namorados. No fim da noite disse a ela:
- Se ele é teu namorado, porque você não beija ele?
- Não, é só meu amigo. Ele podia ser seu namorado, porque vai ficar aqui até Setembro.
(todos estavam lá só por umas semanas e eu ficaria 3 meses)
Aí fui conversar com ele, mais interessada em fazer amigos. Ele anotou meu email, pois eu ainda não tinha celular, e disse que estava organizando um pic-nic na praia no domingo.
No sábado de manhã, quando abri meu computador, tinha email dele enviado às 4h da manhã. Pensei "esse menino quer alguma coisa." Ele me convidava para tomar umas cervejas no sábado à noite, junto com o resto da turma. Eu respondi que, qualquer coisa que eles fizessem, eu tava dentro (hehehe). Trocamos vários emails e fui, com uma amiga brasileira, encontrá-lo no Castro, o bairro gay e mais badalado. Fomos a um bar com vários estudantes de várias nacionalidades. Depois o pessoal foi embora e ficamos só eu, minha amiga, ele e um amigo brasileiro. Fomos a outro bar, ele me pagou tequila, todo simpático.
Quando fomos embora, minha amiga disse: Tá na cara que ele tá a fim de você!!
Quando acordei no domingo, estava sozinha em casa e minha internet não funcionava!! Liguei a cobrar para meu primo, no Brasil, e pedi pra ele acessar meu email e me passar o celular do Davide!!
Combinamos de nos encontrar na praia e não foi mais ninguém, só nós. O amigo brasileiro, quando estava perto e viu que estávamos sozinho, foi embora.
Passamos o dia escutando música, planejando jantares temáticos... e nada dele me beijar!! Aí ele me chamou pra sair à noite, ir até a Golden Gate Bridge, pois estava um dia lindo, sem nuvens. E 12 de agosto, no hemisfério norte, é noite de estrelas cadentes.
Achei que a ponte era um ponto badalado, cheio de barzinhos, mas não tinha nada! Só um mirante e uns banquinhos. Tiramos umas fotos e ficamos lá sentados, esperando as estrelas. E aí nos beijamos! Parecia coisa de filme!
Depois disso, começamos a nos ver todos os dias. No fim de semana seguinte, resolvemos ir até Berkeley e dormir por lá, mas quando chegamos à cidade, estava tudo lotado!! Voltamos cabisbaixos pra San Francisco e ele me levou em casa. Vi que não tinha ninguém em casa e insisti para que ele entrasse.
Tínhamos acabado de entrar no quarto, escutei que a dona da casa, Elaine, tinha chegado em casa.
Ela é irlandesa, mora sozinha, e é muito liberal. Todas as noites havia vinho no jantar, e nesta noite ela estava bêbada.
Ele insistiu para que eu saísse do quarto e dissesse que estava em casa (ela pensou que eu dormiria fora). Então ele se escondeu no armário, eu vesti um pijama e saí do quarto. Ela estava nua, falando ao telefone com o namorado, e começou a gritar!! Depois perguntou porque eu não dormi fora e, quando eu disse que não encontrei hotel, disse:
- Porque você não trouxe seu namorado aqui?
- Porque eu não sabia que podia.
- Eu sou a favor do amor, é só você não gritar (e fazia uh uh uh), que tudo bem!!
Entrei no quarto rindo e ele acabou passando a noite lá.
Na manhã seguinte, quando fui avisar que ele estava lá, ela estava ao telefone, tomando champagne, e disse que não tinha problemas!
A partir daí, ele dormia em casa dia sim, dia não.
No fim de Agosto ela foi viajar e me deixou sozinha. Me deu a chave do carro e disse que meu namorado poderia ficar comigo. Ele resolveu adiar a volta dele em 15 dias para ficar comigo.
Ele era um amor, atencioso, carinhoso, inteligente, divertido. Estava super apaixonada e triste porque ele ia embora, mas no fundo tinha certeza que ficaríamos juntos.
1 semana depois que ele voltou para a Itália, me convidou para passar 3 meses com ele lá, até que acabasse de escrever a tese do Mestrado. Fiquei super na dúvida, mas o meu sonho sempre foi conhecer a Europa, não foi? O que eu estava esperando??
No fim, tive que ir pra San Francisco pra chegar na Europa!!
Acabei meu curso no fim de Outubro, passei 1 semana no Brasil, pra ver a família e trocar as malas, e embarquei para a Europa. Lá tive ainda mais certeza que era com ele que queria ficar, sempre tão atencioso, carinhoso e apaixonado. E vi que ele bom com a família também, porque minha mãe sempre disse "bom filho, bom marido".
Em fevereiro voltei para o Brasil e ele veio logo depois. Tentou arrumar um emprego por aqui, mas viu que não era fácil e voltou para a Itália em Maio. Em Abril ele havia me pedido em casamento e nossa idéia era casar em Agosto e eu ir morar lá.
Ele arrumou emprego lá, mas achamos que, com a crise, não seria fácil para mim e decidimos esperar mais. Ele passou 1 mês aqui, em Agosto, e voltou pra lá sem saber o que faríamos.
Depois de 4 meses separados, ele decidiu vir para ficar. Chegou em Dezembro de 2008 e nos casamos em Fevereiro de 2009. Nessa época eu morava com uma amiga e ele ficou morando com a gente. Mesmo depois de casados continuamos lá, até encontrar um apto 1 mês depois e sair. Era engraçado, mas o que importava mesmo era estarmos juntos.
Tivemos que fazer o casamento civil correndo para ele ficar no país legalmente, e depois fizemos uma festa em Abril.
Neste 1 ano e meio que ficamos no Brasil, ele mandou mais de 1000 curriculuns e só foi chamado para 5 entrevistas. Dava aulas de italiano e inglês, mas isso não era suficiente. O problema é que na Europa é comum estudar sem trabalhar, e aqui no Brasil é complicado uma pessoa de 27 anos sem grande experiência profissional.
No dia 1 de janeiro conversamos e ele disse que não poderíamos continuar assim, ele tinha que arrumar um emprego sério para assumir a família, um emprego onde ele tivesse chance de crescimento.
Ele conseguiu um emprego em um banco em Milão e voltou no fim de Maio. Eu estou aqui cuidando das coisas da mudança, documentação, devolução do apto e devo embarcar em Julho.
Ele gostava de SP e ficou triste em ter que voltar. Eu também estou triste e um pouco preocupada, mas acho que agora é minha vez de abrir mão das minhas coisas por ele, e procuro sempre pensar que tudo vai dar certo.
É difícil deixar tudo pra trás, mas acho que hoje as coisas estão muito mais fáceis. Com a internet, Skype, tudo fica mais fácil. Só consegui namorar à distância porque podia vê-lo e escutá-lo todos os dias. Claro que tem saudades, mas é diferente.
A mesma coisa em relação à família e aos amigos, acho que fica muito mais fácil suportar. Minha sogra disse que nem parecia um ano que ele estava fora, porque sempre se viam e se falavam.
Acho que com o mundo globalizado, fica cada vez mais comum essas família "multinacionais".
E acredito que, apesar de amar minha família, chega uma hora que você quer montar a sua própria família, e tem que fazer isso do seu jeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário