quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Homossexualidade Na Adolescência


Hoje em dia vivemos, sem dúvida nenhuma, num mundo completamente diferente de 20 anos atrás. Mas será que o preconceito com relação à sexualidade diminuiu...
Se diminuiu eu não sei, mas os jovens hoje em dia estão começando a não esconder mais suas preferências sexuais, principalmente dos amigos e da família, o que aumenta a cumplicidade entre todo mundo e, sim, ajuda a diminuir o preconceito.
No Lá em Casa de 22/6/2010, Gabriel Taverna contou como assumiu a homossexualidade para a mãe, aos 16 anos, e o que mudou na sua vida depois disso.
Se o mundo é machista, feminista, preconceituoso, racista, não importa. Mas podemos contribuir para muda-lo e melhora-lo, e, com certeza, o trabalho começa em casa. Com muita conversa e apoio.
Se os filhos não tiverem o apoio dos pais em casa, com quem mais poderão contar...
Pense nisso e assista: www.alltv.com.br, toda terça, às 16h.




Confira a entrevista com Gabriel Taverna, coordenador do projeto Purpurina, que auxilia jovens gays em São Paulo:

Nome completo:
Gabriel Ferreira Taverna

Idade:
19 anos

Estuda:
Completei o Ensino Médio Técnico de Hotelaria ano passado em um colégio particular (FECAP).

Tem irmão/irmã:
Tenho dois irmãos mais novos, um de 18 (Danilo) e outro de 14 (Renato), não tenho irmãs.

Quando percebeu pela primeira vez que gostava de meninos:
Quando um menino pediu pra ficar comigo aos 15 anos, eu aceitei e adorei, descobri do que realmente gostava. Antes eu sentia atração mas achava que era viagem minha. Como muitos por aí.

Tinha alguém próximo que tbm era gay para te apoiar:
Não. Eu me virei sozinho. Aprendi a lidar com a minha sexualidade pensando em como agir, o que falar e fazer em determinadas situações. Mas eu logo contei pros meus amigos e depois pra minha família.

Demorou quanto tempo para contar para sua família:
Menos de um ano depois que me descobri. Eu tinha 16 quando contei.

Como eles reagiram:
Meu irmão (Danilo) soube antes da minha mãe e tudo bem. Minha mãe não ficou brava, ficou triste porque ela me esperava que eu fosse um chefe de família tradicional. Mas com o tempo ela viu que não precisava ser assim.

Por que resolveu contar:
Nunca tivemos mentiras em casa e eu não queria levar um vida dupla, como acontece com muitos até hoje. Tem gente que casa, tem filhos e depois de muito tempo, ou não, morre infeliz por que não era verdadeiro com nada a sua volta. Eu não queria ser assim, e não aconselho ninguém. Dói muito, é dificil, tem rejeição TEM! Mas isso passa, a felicidade que dá tirar esse "peso das costas" não passa, e junto vem o orgulho, a força. Eu faria tudo de novo.

Tinha amigos gays que já tinham contado pra família, antes de vc contar:
Não. Eu só conheci meus amigos gays bem depois de me assumir, andei e ando muito com heteros até hoje. Eu era gay em um meio totalmente hetero antes e era super tranquilo, para ambas as partes.

Vc e sua família já tinham conversado sobre o assunto antes:
Não. Mas sempre comentavam com a minha mãe que eu tinha um "jeitinho" e etc. mas mãe nunca vê essas coisas, ou melhor, vê mas finge que não.

Quais as diferenças (em vc, na família e nos amigos) que vc percebe entre a época que não tinha contado e agora:
Toda diferença. Hoje falo com minha mãe sobre relacionamentos , o que antes eu não falava até porque não os tinha. Não minto quando vou para uma balada. Mas a maior diferença é dentro de mim. Eu sou feliz. Eu passei a ser verdadeiro comigo e com todos depois de me assumir, me faz muito bem =]

VC acha que hj em dia as pessoas são mais tolerantes:
Ainda tem muita intolerância, digamos que o modo de pensar da sociedade melhorou mas tem mais o que progredir. Falando de mim: o máximo de homofobia que sofri foram gritos na rua, dedos apontando e brincadeiras no colégio SÓ. Não sei se é pelo meu jeito desencanado ou não. Quando alguém "zoa" comigo eu dou risada junto (é meio que uma estratégia), aí a pessoa fica sem graça e desiste. Sei lá. Sou maduro o bastante pra entender que tem gente preconceituosa e ás vezes nem é culpa dela, é do meio, é por serem influenciáveis, por falta de informação... enfim N fatores.

Vc acha que sua geração se preocupa menos com o que os outros pensam e por isso estão mais resolvidos:
Acho que sim. Digo isso por que eu não me preocupo nem um pouco com o que vão dizer ou pensar sobre mim. Se eu estiver me sentindo bem... ^^

Depois da matéria da revista Veja (12/5/2010), sua vida mudou:
Mudou sim, teve o programa Boa Tarde da Silvia Popovic, na BAND, o Top Five do CQC, esse convite seu para participar do Lá em Casa, na AllTV...
Mas pelo que eu percebi mudou mais a vida de quem leu, do que a minha que apareceu... Eu ajudei muita gente através de MSN, orkut e twitter depois de ir pra mídia. Sem falar nos jovens que me pegaram de exemplo e já se assumiram. Inclusive sou coordenador de um projeto para jovens LGBT's, o Projeto Purpurina da Edith Modesto. Eu fiquei, e fico, muito feliz em poder ser um exemplo para jovens LGBT's e também de mostrar para as famílias em casa que é o mesmo filho/sobrinho/neto/irmão que você viu crescer e criou que assume ter essa condição sexual, ele não mudou! Apenas descobriu mais uma característica dele, como qualquer outra. Quero e vou ajudar sempre que tiver a oportunidade.

Link para assistir a entrevista que foi ao ar na AllTV, em 22/6/2010:
http://www.alltv.com.br/ondemand.php?idond=6527

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